terça-feira, 25 de agosto de 2015

APOSTILA DE ARTE. TEMA: A HISTÓRIA DO CINEMA MUDO

O cinema mudo

O cinema existe graças à invenção do cinematógrafo, inventado pelos Irmãos Lumière no fim do século XIX. Em 28 de dezembro de 1895, na cave do Grand Café, em Paris, realizaram os dois engenhosos irmãos a primeira exibição pública e paga da arte do cinema: uma série de dez filmes, com duração de 40 a 50 segundos cada (os primeiros rolos de película tinham apenas quinze metros de comprimento). Os filmes até hoje mais conhecidos desta primeira sessão chamavam-se "A saída dos operários da Fábrica Lumière" e "A chegada do trem à Estação Ciotat", cujos títulos exprimem bem o seu conteúdo. O cinema expandiu-se a partir de então pela França, por toda a Europa e Estados Unidos, por intermédio de cinegrafistas enviados pelos irmãos Lumière para captar imagens pelo mundo afora.
O ilusionista francês, Georges Méliès começou a exibir filmes em 1896, quando ganhou uma "filmadora". Ele foi pioneiro em criar efeitos especiais para o cinema. Seu filme "Le Voyage dans la Lune" (ou "Viagem à Lua") de apenas 14 minutos, é um marco na história do cinema mudo.
                                                                                    Cartaz de Viagem à lua

Edwin S. Porter que se tornou cameraman de Thomas Edison usou pela primeira vez a técnica de edição de imagens. Em seu filme "Life of an American Fireman"  (Vida de um bombeiro americano) de 1903 é possível ver duas imagens diferentes mas que ocorreram simultâneamente, a visão de uma mulher sendo resgatada por um bombeiro e a mesma cena com a visão do bombeiro resgatando a mulher. Em "The Great Train Robbery" (o grande roubo do trem), 1903, um dos primeiros westerns do cinema, o grande legado foi o "cross-cutting" com imagens simultâneas em diferentes lugares. Mas o mais importante em Porter, foi que o final do filme "The Great Train Robbery" teve que ser mudado, por motivos morais e éticos, visto que originalmente os bandidos se saiam bem no final, o que passava uma ideia de impunidade ao povo, se mostrava a partir dai, um cinema "educador".

O desenvolvimento de filmes fez crescer os nickelodeons, pequenos lugares de exibição de filmes onde se pagava o ingresso de 1 níquel, no qual se juntavam uma grande quantidade de pessoas, chamando a atenção da elite para o poder de influencia daquelas exibições. Os filmes também começaram a crescer em duração.
Antes um filme durava de 10 a 15 minutos. Em 1906, o filme australiano "The Story of the Kelly Gang" tinha 70 minutos sendo lembrado até hoje como o primeiro longa metragem da história do cinema. Depois do filme australiano, a Europa começou a produzir filmes até mais longos: "Queen Elizabeth" (filme francês de 1912), "Quo Vadis?" (filme italiano de 1913) e"Cabiria" (filme italiano de 1914), este último com 123 minutos de duração.
Em janeiro de 1914 foi exibido "Photo-Drama of Creation", um filme com mais de 8 horas de duração apresentado e narrado por Charles Taze Russell, fundador do movimento religioso dos Estudantes da Bíblia e da Sociedade Torre de Vigia. O Fotodrama consistia de um conjunto de slides com pinturas coloridas descrevendo o relato criativo bíblico desde a criação do Universo aos dias atuais, se prolongando pelos 1.000 anos futuros do reino de Jesus, segundo as crenças de Russell. Foi o primeiro filme a incluir som sincronizado e imagens coloridas.

                                                                                         Cartaz de" Fotodrama".

Pelo lado americano, o diretor D. W. Griffith conseguia destaque. Seu filme"The Birth of a Nation" (ou "O Nascimento de uma nação") de 1915, foi considerado um dos filmes mais populares da época do cinema mudo, causou polêmica porque foi mal-interpretado, onde um simples retrato da sociedade americana foi considerado uma glorificação da escravatura, segregação racial e promoção do aparecimento da Ku Klux Klan.

                                                                                O nascimento de uma nação.

Em 1907, os irmãos Lafitte criaram os filmes de arte na França com a intenção de levar as classes mais altas ao cinema já que estes pensavam ser o cinema para classes menos educadas.

Hollywood



                                                                        "The Gold Rush" de Charlie Chaplin.

Até esta época, Itália e França tinham o cinema mais popular e poderoso do mundo mas com a Primeira Guerra Mundial, a indústria europeia de cinema foi arrasada. Os EUA começaram a destacar-se no mundo do cinema fazendo e importando diversos filmes. Thomas Edison tentou tomar o controle dos direitos sobre a exploração do cinematógrafo. Alguns produtores independentes emigraram de Nova York à costa oeste em pequeno povoado chamado Hollywoodland, graças a Griffith, que já o sugeria. Lá encontraram condições ideais para rodar: dias ensolarados quase todo ano, diferentes paisagens que puderam servir como locações e quase todos as etnias como, negros, brancos, latinos, indianos, índios orientais e etc, um "banquete" de coadjuvantes. Assim nasceu a chamada "Meca do Cinema", e Hollywood se transformou no mais importante centro da indústria cinematográfica do planeta.
Nesta época foram fundados os mais importantes estúdios de cinema (Fox, Universal, Paramount) controlados por judeus (Daryl Zanuck, Samuel Bronston, Samuel Goldwyn, etc.) que viam o cinema como um negócio. Lutaram entre si e às vezes para competir melhor, juntaram empresas assim nasceu a 20th Century Fox (da antiga Fox) e Metro Goldwyn Meyer (união dos estúdios de Samuel Goldwyn com Louis Meyer). Os estúdios encontraram diretores e atores e com isso nasceu o "star system", sistema de promoção de estrelas e com isso, de ideologias e pensamentos de Hollywood.
Começaram a se destacar nesta época comédias de Charlie Chaplin e Buster Keaton, aventuras de Douglas Fairbanks e romances de Clara Bow. Foi o próprio Charles Chaplin e Douglas Fairbanks junto a Mary Pickford e David Wark Griffith que acabaram criando a United Artist com o motivo de desafiar o poder dos grandes estúdios.
Evolução do cinema Europeu
Em alternativa a Hollywood existiam vários outros lugares que investiam no cinema de arte e contribuiam para seu desenvolvimento.
Na França, os cineastas entre 1919 e 1929 começaram um estilo chamado de Cinema Impressionista Francês ou cinema de vanguarda(avant garde em francês). Se destacaram nesta época o cineasta Abel Gance com seu filme épico "Napoleon" e "J’Accuse" e Jean Epstein com seu filme "A queda da casa de Usher" de 1929, ainda se destaca Germaine Dulac de "La Souriante Madame Beudet". Ainda temos nesse movimento "A Moça da Água", de Jean Renoir, que mais tarde ajudaria a construir outra escola de cinema: Realismo Poético Francês.
Na Alemanha surgiu o expressionismo alemão donde se destacam os filmes "Das Cabinet des Dr. Caligari" ("O gabinete do doutor Caligari") de 1920 do diretor Robert Wiene"Nosferatu""Phantom" ambos de 1922 e do diretor Friedrich Wilhelm Murnau e Metrópolis deFritz Lang de 1927. Outros filmes de destaque são: "O Gabinete das Figuras de Cera" e "A Última Gargalhada".


                                                                   O gabinete do Doutor Caligari (expressionismo)
Na Espanha surgiu o cinema surrealista donde se destacou o diretor Luis Buñuel"Un Perro andaluz" (ou "Um Cão Andaluz" em português) de 1928 foi o filme que mais representou o cinema surrealista de Buñuel. Destaca-se ainda: "A Idade do Ouro".






                                                                                       Um cão andaluz (Buñel)

Na Rússia se destacou o cineasta Serguei Eisenstein que criou uma nova técnica de montagem, chamada montagem intelectual ou dialéctica. Seu filme de maior destaque foi"O Couraçado Potemkin" (ou br: "O Encouraçado Potemkin") de 1925. Já Dziga Vertov, de "O Homem com a Câmera" se propôs a um documentário sofisticado, chamado "Cine-Olho". Outros filmes de arte russos de destaque são: "Aelita" e "Terra".
O dinamarquês Carl Theodor Dreyer, roda "Le Passion de Jeanne D'arc", um filme mudo de 1928 com a atriz Maria Falconetti no papel de Joana. Considerado por alguns um dos melhores filmes de todos os tempos. O filme dá valor à expressão facial. Foi filmado na França.
                                 O martírio de Joana Dar'c, ainda um dos filmes mais importantes da história do cinema.

Infelizmente, cerca de 90% dos filmes mudos se perderam, por falta de cuidado ou de boa conservação.
De fato, a maioria dos filmes mudos foi derretida a fim de recuperarem o nitrato de prata, um componente caro.































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